ENTREVISTAS
ESTE CD, MONOCEROS, É UM TRABALHO DE CONTEMPLAÇÃO
22.01.2015
Entrevista de Jacinto Silva Duro | Jornal de Leiria
O seu novo CD, Monoceros, apresenta uma estética acústica bastante rica, com a introdução de vários elementos sonoros. Quis marcar a diferença, em relação a Acústica do Improviso, o seu anterior álbum?
Este é, realmente, um trabalho diferente... é um disco completamente conceptual. O anterior teve, como base, uma recolha de gravações esporádicas, muitas delas feitas em ensaio, durante quatro anos. Quis reuni-las porque sentia que era importante editar esse CD. Foi o meu primeiro álbum e representa o meu processo pessoal de regresso à guitarra, após a faculdade. Tinha muita exploração de coisas novas... na guitarra. Escolhi temas, fiz ajustes, cortei e colei, porque tinha gravações de meia hora e acreditava que, desse tempo, só dois ou três minutos se aproveitariam. Foi um trabalho à base do improviso e da intuição. No Monoceros, a sonoridade é distinta. Continua a ser tudo à base da guitarra e adicionei alguns efeitos que tornam a sonoridade mais “urbana”. Há mais distorção, há overdrive, delays...
Este CD é um trabalho de contemplação. Essa “contemplação” faz parte do seu objectivo de criar
uma banda sonora alternativa à de Vangelis para o filme mítico, Blade Runner?
Sim. Claro. Na verdade, até já tinha algumas gravações feitas, antes de pegar nesse filme. Mas o Blade Runner sempre me inspirou para fazer uma banda sonora. Essas gravações anteriores foram feitas a pensar em viagens galácticas e não propriamente para fazer as trilhas do filme. Acabei por ir buscar alguns temas para o disco, mas a maioria das 12 músicas foram compostas para o Blade Runner.
Há um tema específico, V838 Monocerotis, composto para o diálogo entre o andróide Replicant Nexus 6 e o agente Deckard, enviado para o exterminar. É um som melancólico mas que dá muita força às palavras do actor Rutger Hauer, que encarna a personagem de Nexus 6 (Roy Batty), quando declara que tudo o que viu, nas galáxias do espaço profundo, na sua existência, limitada artificialmente, pelos seus criadores a quatro anos, é muito mais do que o que qualquer humano conhece.
E quando ele morre, no fim da cena, todo esse conhecimento, desaparece com ele... Foi a última música que compus. Tem quase 14 minutos e usei-a para fazer um teaser do Monoceros. Atrasei a saída do disco para poder lhe dar um tratamento especial. Foi das mais detalhadas e gravada por pistas. Revi o filme, várias vezes e reencontrei aquele diálogo marcante. Foi quando decidi que aquilo tinha de estar no disco e que seria o ponto máximo de informação para perceberem que tudo isto é uma viagem…
Através do espaço e tempo.
Precisamente. O nome do CD apareceu-me a partir do sonho que Deckard tem com um unicórnio. O nome do animal, em grego, diz-se “Monoceros”. Além de tentar fazer uma banda sonora alternativa à de Vangelis, queria, sobretudo fazer uma viagem interestelar por Monoceros, e dar a conhecer algumas imagens como as naves a arder na constelação de Oríon, que o Nexus 6 refere.
Sempre fez uma viagem galáctica, neste CD.
Pela constelação Monoceros. Há temas, estrategicamente espalhados pelo disco, que são uma referência a estrelas desse agrupamento estelar. Como se fossemos, durante a audição do álbum, percorrendo a constelação, encontrando, no nosso caminho, nébulas e explosões de astros.
No tema 12, The Rosete Nebula, usa guitarra acústica e arco de violino. É um tema particularmente belo e emotivo...
Guardei-a para o fim. Rachael, a andróide por quem Deckard, o caçador de andróides, se apaixona, pergunta-se se ele a irá caçar, caso ela fuja. Ele responde que não, mas que alguém o pode fazer. Esse desconhecimento do que poderá acontecer-lhe fez-me escolher esse tema para último… como se a historia pudesse vir a a ter uma continuidade… quem sabe? Essa música é como se tivéssemos voltado à Terra após a viagem por Monoceros. É por isso, também,a única com guitarra acústica, porque lhe confere uma sonoridade mais "humana".
Já enviou o CD a alguns autores de programas de rádio que mostram as novidades, como Ricardo Mariano, na Radar. Como foi a receptividade?
Gostaram muito. Disseram-me que é um trabalho diferente. O Ricardo Mariano foi das primeiras pessoas a quem quis mostrar o meu novo trabalho, porque o trabalho dele, na Radar, enquadra-se nesta sonoridade. E ele já passou no ar um dos temas maiores, com dez minutos.
A música, para si, é, tal como o unicórnio, apenas domável por pessoas de coração puro?
Nunca pensei nisso, mas é uma boa questão... é verdade que nem toda a gente tem sensibilidade para tocar, mas isso também se aprende. Quando tinha 14 ou 15 anos, também não queria tocar guitarra. Ao fim de pouco tempo de aulas, já não queria saber mais daquilo. Sempre quis mexer na bateria, mas os meus pais diziam que faria muito barulho. Por isso, insisti na guitarra...
A Acústica do Improviso saiu há cerca de dois anos. O que tem o Rapaz Improvisado andado a fazer neste tempo?
Faz dois anos em Fevereiro. Tenho-me dedicado à minha parceria com a Miss Cat (Catarina Ribeiro), no projecto Miss Cat e o Rapaz Cão. Temos um novo disco e só faltam alguns arranjos para estar terminado. Está gravado desde o Verão e seria o próximo lançamento, mas falta, alguns detalhes. Está tudo pronto, mas temos tido uma grande falta de tempo para o terminar. Como esse disco estava parado, avancei para o Monoceros. Pensei em lançá-lo apenas em 2019, que é quando se passa acção do filme, mas não consegui esperar.
Continua a tocar descalço?
Ultimamente, não. Gosto de o fazer porque tenho mais facilidade em mexer nos botões e pedais com os dedos dos pés. Claro que fica a estética, mas não é uma coisa nova. O Fred Frith, um guitarrista de vanguarda, cujo trabalho gosto muito, faz isto há muitos anos.
Blade Runner aparece a partir do texto Do androids dream of electric sheep?, de Philip K. Dick, qual foi a sua conclusão? Os andróides sonham com ovelhas eléctricas?
Sinceramente, não sei, nem se Deckard, de facto, é um andróide ou não... Pessoalmente, não creio, apesar dessa especulação e de ele se apaixonar por Rachael. Há um final alternativo ao filme, onde a andróide vive mais tempo que os quatro anos limite e isso abre a possibilidade de Deckard ser também um ser criado à imagem do Homem, pelo Homem.
Leonel Mendes, 37 anos, arquitecto, nasceu, vive e trabalha em Pombal e é naquela cidade que se dedica à composição no âmbito dos seus vários projectos musicais. O seu trabalho mais recente é uma fantástica viagem contemplativa por paisagens sonoras, no espaço. A edição limitada a 100 unidades, é um trabalho conceptual onde tudo foi criado a solo. Até a caixa do CD é feita pelo artista. Leonel Mendes presenteia-nos com um belíssima caixa de CD feita pelas suas próprias mãos e um digipack também concebido por si. O álbum físico é marcado pela silhueta de um unicórnio, “tirada a papel químico” de um origami, recortada na capa de cartão duro. Quem não conseguir entrar na centena de sortudos compradores de Monoceros, pode descarregar o álbum, por um euro, em http://rapazimprovisado.bandcamp.com/. “É um euro, mas tem surpresas extra”, diz o músico. Vai celebrar os dois anos do trabalho, Acústica do Improviso, no mês que vem, com um presente para quem segue o seu trabalho.
RAPAZ IMPROVISADO TEM DISCO CASEIRO
21.02.2013
Entrevista de Paula Lagoa | Preguiça Magazine
Leonel Mendrix, músico de Pombal, que entre vários projectos de diferentes identidades sonoras se dedica à música de improviso sob o nome de Rapaz Improvisado, lançou esta semana o seu primeiro CD. Na Acústica do Improviso é totalmente home made e nasce sem pretensão a coisa alguma, ou quem sabe um dia de figurar na prateleira da world musicou do free jazz contemporâneo, ao lado de Carlos Barretto, Carlos Zíngaro, John Zorn ou o Marc Ribot, artistas de referência para este autodidacta do improviso e do acaso. Rapaz Improvisado tem actuação marcada para sábado, em Leiria, na sede do Colectivo a9)))), pelas 19 horas.
O que se pode ouvir em Na Acústica do Improviso?
É possível ouvir-se o preciso momento da composição com a ajuda de uma loop-station. Pois todas estas músicas nasceram no mesmo dia da sua gravação e nunca mais foram tocadas em ensaio ou concerto. Ouve-se atrevimento, a melodia e a sua desconstrução, o irrepetível, o imperfeito, o experimentar… e uma viagem à Irlanda. Este é o conceito que tem conduzido o projecto do Rapaz Improvisado desde o início. E no primeiro dia em que fizer um concerto a solo, um dos requisitos a que me proponho é correr o risco de compor em palco, eventualmente inseguro, mas sem receio de ser imperfeito. É uma outra forma de compor em que acredito, pois em palco os estímulos são diferentes do que, por exemplo, no conforto e privacidade de casa.
Há canções? Há improviso? Há barulheira? Há distorção? Há voz?
Não existem canções, são composições com outra linha de orientação. Improviso há e muito, mas não ouço distorção ou barulheira, apenas a desconstrução como ferramenta de composição. Raramente com voz, pois aqui não importa a palavra, mas a melodia que a voz pode estimular à composição na guitarra e vice-versa. Como tudo neste projecto, a voz existe se assim for uma necessidade do momento.
Lançado no teu dia de anos. Deste um presente a ti próprio?
Foi intencional, uma data que quis assinalar com um objectivo concretizado, pois a música realiza-me muito.
É uma edição de autor. Com que meios foi produzido? Onde?
Foi gravado e produzido em minha casa, com escassos meios técnicos. E por isso a qualidade nem sempre é a ideal, o que nem sempre é o mais importante.
Com ou sem participações? Algum apoio?
Não tem participações. São gravações que nasceram do refúgio e da intimidade, no acaso dos meus ensaios. Tenho tido muito apoio: primeiro que tudo, a paciência dos meus pais, com a música estranha que da garagem surge, e por vezes tão noisy. Os amigos em geral também me apoiam muito na música. Um dos exemplos é o meu amigo Pedro Martins, com quem tenho desenvolvido experiências aproximadas a este tipo de sonoridade no projecto Sinestetas Albinos. Mas para este trabalho tive o apoio especial da minha amiga Catarina Ribeiro, com quem mantenho o projecto Miss Cat e o Rapaz Cão. E, por fim, o apoio do meu amigo Humberto Pinto, que sempre achou que este conjunto de músicas podiam dar um bonito CD no formato físico e artesanal.
Que objectivos tens para este trabalho? Levá-lo para a rua? Procurar editora? Ser um sucesso de vendas e ganhar rios de dinheiro?
O objectivo é partilhar com o maior número de pessoas que apreciem música, independentemente do seu estilo. Pretendo, de alguma forma, mostrar que compor música não é assunto apenas para eruditos. Acredito que a formação musical é importante, mas sendo um autodidacta, também acredito que por si só não é suficiente para compor uma música. Eu toco sobretudo porque sinto necessidade, é a minha terapia,em que também encontro o meu equilíbrio emocional. Acredito que se uma pessoa tocar um instrumento, pode vir a tornar-se mais completa. Por enquanto procurar editora não é um objectivo, apenas um desejo. Mas confesso que um dia gostaria de ter este CD na prateleira da world music ou do free jazzcontemporâneo, onde eventualmente está o Carlos Barretto, Carlos Zíngaro, Dead Combo, Norberto Lobo, John Zorn ou o Marc Ribot, músicos que habitualmente escuto em casa. Sei que a sonoridade deste trabalho é tudo menos pop – e, claro, não pretendo ser um sucesso de vendas. Deixo isso para a música das modas, que vêm e vão.
Quanto custa o disco e onde se pode adquirir?
Custa 5 euros. É um objecto concebido artesanalmente por mim, que faço questão nesta edição de o entregar pessoalmente ou enviar por correio.
E são só 100 exemplares.
A princípio pensei que só amigos o iriam comprar. Mas tenho sido surpreendido por conhecidos e curiosos em relação ao CD. E, claro, espero poder vender todos os exemplares. E eventualmente vir a fazer uma segunda edição especial, com mais músicas. E continuar com o formato artesanal, pois sempre gostei de trabalhos manuais, uma espécie de escultor improvisado.
NA MÚSICA, NÃO HÁ FILTROS... TUDO É CRIATIVIDADE
28.03.2013
Entrevista de Jacinto Silva Duro | Jornal de Leiria
Rapaz Improvisado, o artista que toca descalço.
Não lhe chegariam duas vidas para deitar para fora do peito toda a criatividade que vive em reboliço dentro dele, não obstante a calma fachada da sua face. Leonel Mendes, também conhecido por Mendrix – em homenagem ao guitarrista Jimi Hendrix – é membro dos projectos Rapaz Improvisado, Miss Cat e o Rapaz Cão, These Charming Djs e Sinestetas Albinos. O arquitecto de 36 anos, natural de Pombal, cidade para onde regressou há três anos, depois de dez a viver e a trabalhar no Porto acaba de Lançar o disco Na Acústica do Improviso. Numa entrevista dada à sombra do aço cortene, em tez de patina enferrujada sobranceiro ao Castelo de Pombal, Leonel Mendrix recordou gostos e influências há muito relegadas para o baú dos esquecimentos. “A discografia dos Doors e a poesia de Morrison espoletaram em mim um enorme amor pela música... embora agora já nem ouça nada disso.” O vírus da música contaminou-o aos 16 anos, através de um projecto de sonoridade punk, com o primo, mas a ida para a faculdade interrompeu o duo. Tiraram o Rec e colocaram o projecto em Pause. Em 2009, voltaram a colocar a cassete em andamento, mais uma vez juntos, mas agora sob a égide de Sinestetas Albinos. Para Mendrix, o artista que costuma tocar descalço, a música é uma catarse que precisa de muita transpiração e dedicação e, talvez por isso, se desdobre em vários projectos paralelos.
Em palco, um dos seus alter-egos dá pelo nome de Rapaz Improvisado... Há um “Badly Drawn Boy” (Damon Gough) dentro de si?
É algo que tem mais a ver com uma experiência que tive em 2007, quando morava no Porto e passei umas férias da Páscoa em Pombal. Voltei a pegar na guitarra. Voltei a tocar. Há muito que não o fazia. Tocava no jardim, tocava em casa, tocava em qualquer sítio e andava sempre com um gravador de mp3 atrás para registar esse som. Foi assim que nasceu o “Rapaz da Acústica Improvisada”. Acabei por simplificar o nome e fiquei o “Rapaz Improvisado”. Foi uma coisa muito informal com a minha viola clássica e percussão com caixas de cartão e tuperwares, ora na garagem, ora na casa de banho, sala, cozinha, jardim, sozinho ou, inesperadamente, acompanhado. O local era fruto do acaso e a acústica improvisada.
Se o autor do CD Na Acústica do Improviso, o seu trabalho mais recente, é um "rapaz improvisado", o que foi que o inspirou nos dias de gravação?
A inspiração surgiu principalmente de uma viagem que fiz à Irlanda em 2008, que me abriu horizontes e estimulou uma nova relação com o espaço e o tempo. A partir daí, o Rapaz Improvisado emergiu com um novo fôlego. Nos dias das gravações, houve a necessidade de me exprimir pois, para mim, tocar é uma forma de linguagem e de terapia. É onde encontro o meu equilíbrio.
Neste trabalho reuniu quatro anos de gravações. É um best of?
Não é um best of, mas uma colecção de músicas, com uma sonoridade que comunga semelhanças entre si e onde todas tiveram o mesmo processo de composição, de intuição, de experimentar o irrepetível, o imperfeito, a melodia e a sua desconstrução ao nível da composição. A curiosidade neste trabalho, é que todas as músicas foram gravadas no mesmo dia da sua composição, muitas delas no primeiro take, e nunca mais foram tocadas em ensaio ou concerto. São fruto do acaso e da
intuição. Basicamente, essa é a minha forma de compor. Não costumo sentar-me à mesa com a ideia fixa de compor um álbum.
Este CD é uma rampa de lançamento para outros projectos?
Sim, além de ser a minha forma de cumprir objectivos e de tocar ao vivo a solo. É claro que, também é do meu interesse dar mais visibilidade aos outros dois projectos que tenho com dois amigos: os Sinestetas Albinos e Miss Cat e o Rapaz Cão. São dois duos e, sobretudo, uma relação profunda de amizade.
O que o atrai na lógica one man band?
Neste caso específico, atrai-me a possibilidade de poder compor de forma totalmente livre, descontraída e intuitiva no imediato da composição, e por fim, distinguir-me dos outros projectos que tenho.
Quando se é arquitecto, a concepção estética que se tem do Mundo é transposta para a música?
De certa maneira. Há muitos licenciados em Arquitectura e “ciências aplicadas” a tocar. Os Air, por exemplo, Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel, são exemplo disso. O primeiro estudou Arquitectura e o segundo Matemática. Até os Sinestetas Albinos! O Pedro Martins, com quem partilho o projecto, é licenciado em Matemática. Mas a Arquitectura tem como função servir o Homem... já a música, provavelmente, não se poderá dizer que é essencial como ela. Pode-se sobreviver sem música, mas é impossível fazê-lo sem a arquitectura de um abrigo... de uma cabana. Na música, não há filtros… tudo é criatividade. Nela, não há Regulamentos, Decretos-Lei e Portarias para cumprir, como acontece na Arquitectura. Componho para satisfazer o meu gosto e se, com isso, puder convencer e fazer as pessoas felizes, óptimo!
Mas o simples assobio do pastor é uma forma de música.
Não intelectualizada, mas é. Primeiro o assobio do pastor, depois a flauta... mas a estética não é um tema com o qual perca muito tempo. Sou influenciado pelas coisas que me rodeiam ao vivo. Não conceptualizo muito, embora haja músicas onde me esforço para um determinado propósito e sentido. Há temas que me demoram meses e meses a construir, até chegar ao ponto em
que sinto que passaram a fazer sentido.
A sua próxima colectânea será construída dessa forma?
Não, o próximo trabalho será também fruto da intuição, mas num ambiente mais “galáctico”. Por enquanto, vou continuar a fazer concertos, sempre em espaços intimistas onde sou eu a escolher o público... ou quase. A minha sonoridade é muito específica. De risco. Aliás, os meus concertos têm sempre essa vertente; podem correr mal ou podem correr bem. Nos espectáculos, há momentos em que me proponho a fazer coisas que não são pensadas. Corro riscos porque não me importo de partilhar fraquezas. Não sou formado em música e não quero ser encarado como uma “coisa mística”.
Que músicos o influenciam?
Desde adolescente que me considero um amante de música, e cada vez mais me considero “eclético”. Tanto aprecio os Sonic Youth, o Ryuchi Sakamoto, os Mão Morta ou o Camané. Tudo depende do estado de espírito. E é normalmente este factor que me estimula a compor, resultando mais melódico, experimental, intuitivo ou conceptual.
